quarta-feira, 28 de março de 2012

O que os mestres de RPG estão lendo para criar suas histórias?

Recentemente encerrei a leitura de um importante livro para o RPG em sua estrada se tornar uma atividade reconhecida e justificada dentro de nossa sociedade, em especial a sociedade brasileira. Isso porque partiu de uma tese de mestrado de uma pesquisadora que se debruçou em buscar entender de onde vinham e como vinham as histórias que mestres de RPG desenvolviam para suas mesas, se tornando trabalho bastante estimulante, seja para mestres e jogadores se entenderem um pouco mais, seja para professores, pesquisadores e literatos em busca de novas perspectivas sobre o hábito da leitura. O texto não é novo, é de meados da década de 90, mas os elementos levantados e extraídos pela pesquisa são bastante atuais, inclusive para pensarmos devidamente acerca da produção informal desenvolvida pelos mestres e narradores, que possuem (ou deveriam possuir) o trabalho de pesquisar, ler, anotar e escrever, preparar o material para as sessões de jogo, tema principal aqui levantado.

Explorando a literatura ou vivendo de migalhas?

A discussão que Andréa Pavão trás em "A aventura da leitura e escrita entre mestres de RPG", dentre variados subtemas, aborda o questionamento sobre o que estariam lendo estes seres que possuem o trabalho de elaboração central para a diversão em torno de uma mesa de RPG. Surge então uma subdivisão que mesmos muitos mestres, na época veteranos, defendiam, a de que haveria até aquele momento uma 1º, 2º e 3º geração de RPGistas, definidos em aqueles da época do D&D, de GURPS, e de Vampiro A Máscara. Além dos cenários e sistemas diferenciarem esta época, os veteranos daquela época apontavam que a 3º geração, a de Vampiro, seria a que menos desenvolvia o hábito da leitura, estava mais voltada para um aprendizado oral, de resumos, de pouca leitura mesmo dos livros básicos.

Uma coisa interessante a se questionar nesse momento, continuando os estudos feitos naquela época, seria de que geração pertencem os RPGistas do início do século XXI. Seriam os mesmos da tal 3º geração? ou há elementos significativos de lá para cá que poderiam definir uma 4º ou 5º geração? Enquanto estes estudos não vêm (ou pelo menos ainda não tenha eu lido nada acerca de) cabe aqui mesmo uma comparação e opinião sobre os hábitos de leitura que cercam hoje nosso hobby.

Seja como for, quero me referir a duas ideias de criadores de histórias entre os RPGistas; aqueles que exploram a literatura (seja ela de que qualidade for, pois até as piores histórias e escrituras podem gerar alguma nova ideia) e aqueles que vivem das migalhas que caem da mesa de quem absorve algo (mesmo que seja pouco).

Os escritos, e tudo o que eles geram (da HQ às séries, dos livros aos filmes, dos mangás aos animes, etc...) podemos dizer que estão envolvidos pelo âmbito literário. Se o principal para criar histórias é se apropriar delas, não descartando a qualidade e forma de atingir isso, todas essas modalidades possibilitam tal feito. Se os mestres buscam essas fontes, AS MAIS VARIADAS POSSÍVEIS, mergulham naquilo que não sabem para emergirem com ideias interessantes de aventuras, pode-se considerar que haja alguma exploração literária por parte destes.

Por outro lado, aqueles que se dedicam a apenas aquilo que mais gostam, se detêm em uma única forma de criação (só o mangá, ou só o cinema, ou só os livros...) e buscam os objetos importantes para a organização do jogo de forma pífia (inclusive sem ler com a devida dedicação os livros de referência do próprio cenário/sistema) só posso definir que estes vivem de migalhas.

O problema é que viver de migalhas não ajuda a justificar a importância de nosso hobby, não ajuda a fazer do RPG algo reconhecido socialmente como uma boa e importante possibilidade de lazer.

Depois continuamos estas reflexões, que são muitas e o texto longo fica difícil de ler na web, hehe... 




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